lunes, 24 de agosto de 2009

REQUIEM PELA MORTE DE UM SEM TERRA

Não tem como não me sentir respingada pelo sangue desse homem hoje assassinado numa das muitas frentes de luta de um povo que se desloca despojado do mais elementar meio de prover a sua subsistência .
Não tem como não me sentir em parte responsável pelo morte de um condenado da terra que insurgente, que ousado foi para a frente da luta, enquanto eu e tantos outros "soi disant" pensantes inflamamos, exigimos a ação e seguimos dia a dia longe dessa violência fascista, discriminatória, que os trata como meros delinquentes.
Hoje me dói particularmente, pois dia após dia as notícias que nos chegavam de S. Gabriel nos apontavam para um desfecho violento. Mas nossa atenção era desviada a cada passo pelo cenário nacional constrangedor em suas negociatas aviltantes e por um quadro estadual deprimente em seu espectro moral.
Nós discutíamos incessantemente as concessões aos oligarcas de sempre em nome de um projeto de poder e o jogo pesado de interesses escusos pela sala do Negrinho do Pastoreio.
Entretanto lá em S.Gabriel , onde os latifundiários se acham donos de um território com leis próprias, a polícia do Estado (a única, a nível nacional, que se recusou a fazer formação para enfrentamentos desta natureza)se colocava ao lado dos privatistas, na defesa de sua propriedade, com o amparo teórico certamente de alguns dos integrantes do Ministério Público Estadual.
O assassinato de hoje, é a denúncia de ontem, a denúncia de um Estado perdido em sua própria lógica de acumulação individual. É um Estado, dizem com história, com tradição, porém, hoje perdido na mediocridade da utilização do aparelho de poder para enriquecimento próprio.
Hoje Elton Brum da Silva foi morto pelas costas por um agente da PM , numa conjuntura em que a própria Governadora responde a um processo de improbidade administrativa e se refugia em subterfúgios jurídicos para evitar as respostas que se fazem necessárias e confirmar o teor das denuncias por demais evidentes.
O exercício da democracia , o direito de lutar pela reforma agrária, o direito de se manifestar contra os detentores do poder maquilhados de cidadãos acima de qualquer suspeita, mas tocados pelo esgoto da corrupção, são truncados por essa visão fascista, que á liberdade, ao direito de lutar por um mundo melhor respondem com balas e transformam seus melhores cidadãos em criminosos de delito comum .Insurgente , choro sim , pelo sangue de um homem que morreu lutando pela terra, pelo direito de ter uma vida digna , pela recusa á medicância, pelo não cruzar os braços diante de tanto latifúndio!Sabemos que nada é em vão e que a morte de um lutador é dor, mas também sabemos que a única forma de honrar um lutador é seguir lutando!
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Saudações libertárias !
MARILINDA

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