lunes, 7 de diciembre de 2009

SEXUALIDADE HOMO





Primero en lengua brasilera

Texto realizado para a revista Escritos sobre feminismo durante o ano 1980, em Porto Alegre, pelo grupo Costela de Adão. Também foi publicado na época pelo jornal Lampião.

Este texto fará parte da Antologia del Pensamiento Feminista nuestroamericano, organizado pela escritora, filósofa e ativista feminista Francesca Gargallo.


Escrito por Clarisse Castilhos, na época integrante do Costela de Adão, na atualidade, integrante fundante do grupo mulheres rebeldes.

Uma questão que tem recebido as mais diversas interpretações- desde perversão até o sinônimo do mais alto grau de liberação- refere-se às relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
[1] Embora muito já tenha sido teorizado em torno desse tema, na prática constitui-se ainda numa enorme espinha atravessada na garganta da famosa “moral ocidental-cristã”. A existência de tal preconceito seria mais do que suficiente para justificar a necessidade do debate em torno do assunto. No entanto, ainda mais grave é a maneira como grande parte dos “homossexuais” interpreta e vivencia esse tipo de relação. Por isso, nos parece extremamente pertinente, nos dias que correm, não apenas levantar questões relativas à repressão social institucionalizada (aquela claramente expressa pelo pensamento conservador) mas, também, analisar a maneira como tal repressão foi interiorizada e assumida por aqueles que estabelecem relações homossexuais.
Feita essa observação, nos parece que o primeiro passo a ser dado, para a compreensão rela do significado da homossexualidade, é que tal fato seja visto a partir de uma problemática mais ampla, cuja essência é a sexualidade humana, em sua totalidade. Da mesma maneira, a explicação das razões de sua repressão pela sociedade, passa necessariamente pelas razões pelas quais a sociedade rejeita e enoja-se com qualquer manifestação sexual que fuja da normalidade.



Na verdade, a interpretação da homossexualidade como uma questão à parte e a conseqüente divisão da sociedade em duas categorias sexuais distintas e nãomiscíveis – os “homo” e o “hetero” – encerra uma visão altamente preconceituosa. O pressuposto, por trás de tal afirmação, é o de que os indivíduos dividem-se em normais e pervertidos. Normais seriam aqueles cuja sexualidade é coerente com a conformação de seu órgãos genitais, de onde se originariam os impulsos sexuais, sendo sua meta natural outro aparelho genital anatomicamente complementar. Em outras palavras, o esquema é o seguinte: normal seria a busca de uma complementaridade sexual em que a genitalidade feminina funcionará como receptáculo de uma genitalidade masculina destinada à penetração, união essa que, para ser ainda mais natural, deve visar à procriação. Por outro lado, os perversos ou “anti-naturais”, seriam aqueles cujas atividades sexuais ou se estendem, num sentido anatômico, além das regiões do corpo que se destinam à união sexual, ou demoram-se nas relações preliminares com o objeto sexual (a outra pessoa), que devem normalmente ser atravessadas rapidamente no caminho em direção ao objetivo sexual final (a penetração).

O SENTIDO DA UNIÃO SEXUAL (ilustração)

Essa tentativa de delimitar nitidamente os padrões do comportamento sexual conduz a uma forma de relacionamento que restringe a obtenção do prazer, uma vez que já está determinado o que é certo e o que é errado, sem levar em conta a ampla gama de potencialidades de cada relação e a originalidade de cada uma delas. O resultado último da imposição desse comportamento restritivo é a negação do prazer, enquanto elemento profundamente questionador da ordem moral vigente. Isso terá como conseqüência a negação do fato de que qualquer pessoa pode viver sua sexualidade integralmente, da cabeça aos pés, que irá determinar a definição sexual de cada um, em cada momento.
Conforme foi expresso no livro “Sexo e Poder”: “A reivindicação básica é o prazer, (...), a sexualidade do indivíduo é um leque aberto. Não existe, portanto o homossexual com determinadas características; existe o homossexual como adjetivo, na relação que acontece na cama.”
Uma outra questão que nos parece de extrema importância e que ser aprofundada refere-se à maneira como os “homossexuais”, em geral, a partir da repressão existente, passaram a assumir determinadas posturas no sentido de serem aceitos pela sociedade. Uma das formas de manifestação desse comportamento oprimido é a auto-segregação, através da formação de “guetos homossexuais”. O primeiro passo nesse sentido é exatamente a aceitação da classificação dada pelo pensamento conservador, de que aquele que estabelece relações desse tipo é um homossexual, como uma categoria estanque. Assim sendo, o preço de sua existência - de uma forma não disfarçada- é o isolamento em grupos, bares, boites, hotéis, etc. Esse viver clandestino a que o “homossexual” é empurrado, e acaba por aceitar, não só funciona no sentido de não ameaçar a vida dos “normais”, mas também de fornecer ao “homo” uma falsa idéia de liberação, altamente esquizofrênica e alienada.
Esse sabor de desafio às normas vigentes obscurece a questão central, já colocada anteriormente, que é a da necessidade do ser humano vencer as barreiras daquilo que é conhecido e aceito, em termos de relacionamento inter-pessoal. Longe disso, é comum observar-se entre os pares afetivos do mesmo sexo, da mesma maneira que entre os “heterossexuais”, a tentativa de adotar para si uma forma de comportamento adequada aos padrões vigentes. Ou seja, em geral, tenta-se reproduzir uma relação hetero tradicional, com todas as suas características conservadoras, onde um é o elemento-ativo-na-cama-e-na-rua (esse é o homem) e o outro é o elemento-passivo-em-casa-e-na-cama (essa é a mulher).
Dessa forma, na medida em que o homossexual, ou se assume como categoria à parte (através da auto-segregação), ou procura copiar os padrões morais vigentes (chegando a reivindicar coisas como casamentos e religiões “gay”), está apenas assegurando para si nada mais do que a mediocridade existencial garantida para os demais reprimidos.
Entramos assim com uma última questão, que é exatamente onde se encontra o ponto de união entre os movimentos homossexuais e os de libertação da mulher. Ao estudar-se a história das civilizações é possível perceber-se a profunda vinculação existente entre a maneira como a sociedade trata a relação entre os sexos e a forma como considera as relações homossexuais. Nas sociedades onde as mulheres e homens se acham estreitamente associados e dividem entre si o trabalho e as responsabilidades, sem que nenhum dos dois sexos pretenda dominar ou vencer o outro, a homossexualidade é muito mais facilmente aceita, porque não implica numa ruptura nas concepções habituais, na medida em que os papéis masculino e feminino não obedecem a estereótipos.
Já, nas sociedades de tipo patriarcal, como as contemporâneas, nas quais os sexos são nitidamente separados e onde a supremacia do homem está afirmada pela lei e pelo costume, as coisas se dão de outra maneira. Dentro desses padrões, o fato de um homem amar outro – portanto assumir o papel inferior de mulher- ofenderá profundamente a virilidade vigente. Da mesma forma, a mulher que mantém relações homossexuais, sendo por isso duplamente oprimida, tenderá a assumir um estereótipo masculino no sentido de adquirir maiores possibilidades de existir, pois só o homem ocupa um lugar privilegiado nesse tipo de sociedade.
É por isso que os movimentos feministas e homossexuais, quando voltados contra os fundamentos de sua opressão, vão necessariamente identificar-se uma vez que ao reivindicar o prazer- em seu sentido mais profundo- opõe-se aos padrões morais das sociedades machistas em que, ao homem e à mulher, foram atribuídos papéis rigidamente delimitados e inconfundíveis.


SEXUALIDAD HOMO

Agora em lingua argentina



Texto realizado para la revista Escritos sobre feminismo durante el año 1980, en Porto Alegre, por el grupo Costela de Adão. Também fue publicado en la época por el diario Lampião.


Escrito por Clarisse Castilhos, na época integrante do Costela de Adão, na atualidade, integrante fundante do grupo mulheres rebeldes.

Las relaciones afectivo-sexuales entre personas del mismo sexo
[2], han recibido las más diversas interpretaciones - desde perversión hasta el sinónimo de más alto grado de liberación. Si bien es cierto que ya se ha teorizado mucho al respecto, en la práctica todavía hay una enorme espina atravesada en la garganta de la famosa “moral occidental y cristiana”. La existencia de este prejuicio sería más que suficiente para justificar la necesidad de debate en torno al tema. Entretanto, es más grave la manera como gran parte de los “homosexuales” interpreta y vivencia este tipo de relación. Es por eso que nos parece extremadamente pertinente, en los días que corren, no apenas levantar cuestiones relativas a la represión social institucionalizada (aquella claramente expresa por el pensamiento conservador) mas, también, analizar la manera como tal represión fue interiorizada y asumida por quienes establecen relaciones homosexuales.



Hecha esta observación, nos parece que el primer paso a ser dado, para la comprensión real del significado de la homosexualidad, es que este hecho sea visto a partir de una problemática más amplia, cuya esencia es la sexualidad humana en su totalidad. De la misma manera, la explicación de las razones de su represión por la sociedad, pasa necesariamente por las mismas que la sociedad rechaza y se asquea con cualquier manifestación sexual que escape a la normalidad.



La interpretación de la homosexualidad como una cuestión a parte y como consecuente división de la sociedad en dos categorías sexuales distintas y sin mezclarse – lo “homo” y lo “hétero” – encierra una visión altamente prejuiciosa. El presupuesto, por detrás de tal afirmación, es que los individuos se dividen en normales y pervertidos. Normales serían aquellos cuya sexualidad es coherente con la conformación de sus órganos genitales, de donde se originarían los impulsos sexuales, siendo su meta natural otro aparato genital anatómicamente complementario. En otras palabras, normal sería la búsqueda de una complementariedad sexual donde la genitalidad femenina funcione como receptáculo de una genitalidad masculina destinada a la penetración, unión que para ser todavía más natural, debe tener como objetivo la procreación. Por otro lado, los perversos o “anti-naturales”, serían aquellos cuyas actividades sexuales se extienden en un sentido anatómico, más allá de las regiones del cuerpo que se destinan a la unión sexual, o se demoran en las relaciones preliminares con el objeto sexual (la otra persona), que deben normalmente ser atravesadas rápidamente en el camino en dirección a objetivo sexual final (la penetración).

El SENTIDO DE LA UNIÓN SEXUAL (ilustración)

Esta tentativa de delimitar nítidamente los patrones de comportamiento sexual, conduce a una forma de relacionamiento que saca de foco el placer, una vez que ya está determinado lo que está bien y lo que está mal, sin tener en cuenta la amplia gama de potencialidades de cada relación y la originalidad de cada una de ellas. El resultado último de la imposición de este comportamiento restrictivo es la negación del placer, en tanto elemento profundamente cuestionador del orden moral vigente. Lo que tendrá como consecuencia la negación del hecho de que cualquier persona puede vivir su sexualidad íntegramente, de la cabeza a los pies, e irá a determinar la definición sexual de cada uno, en cada momento. Según fue escrito en el libro “Sexo y Poder”: “La reivindicación básica es el placer, (...), la sexualidad del individuo es un abanico abierto. No existe, por lo tanto, el homosexual con determinadas características; existe el homosexual como adjetivo, en la relación que acontece en la cama.”
Otra cosa que nos parece de extrema importancia y bien merece ser profundizada, es la manera como los “homosexuales”, en general, a partir de la represión existente, pasaron a asumir determinadas posturas a través de las cuales piden ser aceptados por la sociedad. Una de las formas de manifestación de este comportamiento oprimido es la auto-exclusión, a través de la formación de “guetos homosexuales”. El primer paso, en este sentido, es exactamente la aceptación de la clasificación dada por el pensamiento conservador, de que aquel que establece relaciones de este tipo sea un homosexual, como una categoría estanque. Siendo así, el precio de su existencia - de una forma no disfrazada – es el aislamiento en grupos, bares, boites, hoteles, etc. Esta forma de vivir, clandestinamente, a La que el “homosexual” es empujado, y acaba por aceptar, no solo funciona en el sentido de no amenazar la vida de los “normales”, así como también de otorgar al “homo” una falsa idea de liberación, altamente esquizofrénica y alienada.


Este sabor de desafío a las normas vigentes, empaña la cuestión central ya planteada anteriormente, que es la necesidad del ser humano de vencer las barreras de aquello que es conocido y aceptado, en términos de relacionamiento interpersonal. Lejos de esto, es común observar entre los pares afectivos del mismo sexo, de la misma manera que entre los “heterosexuales”, la tentativa de adoptar para sí una forma de comportamiento adecuada a los patrones vigentes. O sea, en general, se intenta reproducir una relación hétero tradicional, con todas sus características conservadoras, donde uno es el elemento-activo-en la-cama-y-en la-calle (este es el hombre) y el otro es el elemento-pasivo-en-casa-y-en la-cama (es la mujer).
De esta forma, en la medida que el homosexual, o se asume como categoría a parte (a través de la auto-exclusión), o busca copiar los modelos morales vigentes (llegando a reivindicar cosas como casamientos y religiones “gay”), está a penas asegurando para sí nada más que la mediocridad existencial garantizada para los demás reprimidos.
Vamos entrando ahora en el último tema que es exactamente donde se encuentra el punto de unión entre los movimientos homosexuales y los de libertación de la mujer. Al estudiarse la historia de las civilizaciones es posible percibir el profundo vínculo existente entre la manera como la sociedad trata la relación entre los sexos y la forma como considera las relaciones homosexuales. En las sociedades donde las mujeres y hombres se encuentran estrechamente asociados y dividen entre sí el trabajo y las responsabilidades, sin que ninguno de los dos sexos pretenda dominar o vencer al otro, la homosexualidad es mucho más fácilmente aceptada, porque no implica una ruptura en las concepciones habituales, en la medida que los papeles masculino y femenino no obedecen a estereotipos.
Mientras que en las sociedades de tipo patriarcal, como las contemporáneas, en las cuales los sexos son nítidamente separados y donde la supremacía del hombre está afirmada por la ley y por la costumbre, las cosas se dan de otra manera. Dentro de estos modelos, el hecho de un hombre amar a otro – por lo tanto asumir el rol inferior de mujer- ofenderá profundamente la virilidad vigente. De la misma forma, la mujer que mantiene relaciones homosexuales, siendo por esta causa doblemente oprimida, tenderá a asumir un estereotipo masculino en el sentido de adquirir mayores posibilidades de existir, pues solo el hombre ocupa un lugar privilegiado en este tipo de sociedad.
Es por esto que los movimientos feministas y homosexuales, cuando se unen contra los fundamentos de su opresión, van a identificarse necesariamente una vez que al reivindicar el placer en su sentido más profundo – se opone a los modelos morales de las sociedades machistas en que, al hombre y a la mujer, fueron atribuidos lugares rígidamente delimitados e inconfundibles.

[1] Usaremos os termos “homossexual” e “heterossexual” para designar, além das relações, os indivíduos que estabelecem esse tipo de relação, sendo que nesse caso as palavras virão entre aspas. No entanto, discordamos inteiramente da classificação dos indivíduos em homossexuais, bissexuais, heterossexuais, etc., conforme será colocado mais adiante.



[2] Usaremos los términos “homosexual” y “heterosexual” para designar, además de las relaciones, los individuos que establecen ese tipo de relación, siendo que en este caso las palabras estarán entre comillas. Estamos en total desacuerdo con la clasificación de los individuos en homosexuales, bisexuales, heterosexuales, etc. Nos estaremos refiriendo al respecto, más adelante.

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